Resumo

RESUMO

 

O distanciamento social e a interrupção das aulas presenciais nas escolas públicas brasileiras, em razão da pandemia da Covid-19, levaram as instituições a adotar o Ensino Remoto Emergencial (ERE). Porém, migrar do ensino presencial para um ensino totalmente remoto não foi um processo simples, causando profundas modificações na prática escolar. Desse modo, este estudo, desenvolvido de julho a novembro de 2022, teve como foco identificar as mudanças e agregações ocorridas nas práticas de ensino e aprendizagem, mediadas pelas Tecnologias Digitais (TD), decorrentes das restrições impostas pela pandemia, a partir da perspectiva de 1.812 estudantes, 237 professores e 75 gestores das escolas do ensino médio da rede pública estadual do Rio Grande do Norte – Brasil, que participaram desta investigação. As questões de investigação centraram-se na identificação (a) das tecnologias digitais utilizadas, (b) das práticas de ensino e aprendizagem remotas adotadas e (c) da pretensão de continuidade de uso de práticas com tecnologias digitais agregadas durante a pandemia no pós-pandemia. Para alcançar os fins pretendidos, o estudo adotou uma abordagem multimétodo, com um design sequencial explanatório de duas fases. Na primeira fase, quantitativa, utilizou-se questionários online para recolher os dados e a estatística descritiva e inferencial, com o apoio do software SPSS, para analisá-los. Os resultados da análise da fase quantitativa nortearam a escolha da amostra da segunda fase, esta qualitativa, que ocorreu por meio de entrevistas individuais, com professores e gestores, e em focus group, com estudantes. Os dados qualitativos foram analisados por meio da Análise Temática, com o apoio do software NVivo. O estudo evidenciou que, apesar do despreparo sentido pelos três grupos ao migrar para o ensino remoto, devido à falta de acesso às TD e de conhecimento para manuseá-las, vários recursos e estratégias foram agregados aos processos de ensino e aprendizagem. O uso do celular, grupos de mensagens, especialmente o WhatsApp, Ambientes Virtuais de Aprendizagem e aplicativos de webconferência, assim como o envio e recebimento de materiais via e-mail ou redes sociais destacaram-se. Quanto à pretensão de continuar a usar as TD incorporadas às práticas escolares durante o ERE no póspandemia, os três segmentos acreditam que algumas ou grande parte das TD agregadas no ERE já estão ou serão incorporadas nas atividades escolares após a pandemia, indicando mudança e inovação nas práticas destes indivíduos.

 

Palavras-chave: Ensino Remoto Emergencial, Pandemia da Covid-19, Práticas de Ensino e Aprendizagem, Tecnologias da Informação e Comunicação.