3.2 Estudos Analisados (continua)

      Samartinho et al. (2020) relatam uma investigação-ação (embora não a nomeiem assim) realizada com 13 alunos com necessidades específicas do 2º e 4º anos do 1º Ciclo do Ensino Básico em um Centro Escolar em Torres Novas/Portugal. É um caso prático de adaptação, planejamento, desenvolvimento e implementação de uma prática baseada no uso das tecnologias digitais e de alguns princípios de ensino a distância. Como principais tecnologias, foram utilizados o ClassDojo e o Google Classroom, para as atividades assíncronas, e o Colibri/Zoom, para sessões síncronas de acompanhamento dos alunos. Além desses recursos, fez-se uso da Escola Virtual e do Kahoot, para a criação de jogos. Os resultados mostraram-se positivos, tendo os educandos demonstrado elevado nível de satisfação e motivação para aprender nas sessões síncronas, pois gostavam de trabalhar em pares e com mais silêncio, além de apresentarem maior autonomia e participação e terem melhorado sua competência comunicativa e colaborativa. No que tange ao sucesso das aprendizagens, a maioria dos alunos conseguiu atingir os objetivos delineados no seu Relatório Técnico Pedagógico, em razão do que os autores concluem que as práticas adotadas se mostraram eficazes. Ao final, foi proposto pelos autores um Guia de Práticas alicerçado na experiência acumulada ao longo do período de confinamento.

     Aguiar et al. (2020) apresentam os resultados parciais de uma pesquisa qualitativa, do tipo pesquisa-ação, cujo objetivo foi identificar os impactos da pandemia da Covid-19 no saber fazer docente de 7 professores que atuam no Ensino Médio Integral de uma escola estadual de Goiás - Brasil. Com foco neste objetivo, as autoras recorreram à narrativa (auto)biográfica como procedimento de recolha de dados. Para isso, utilizaram suas próprias narrativas, registradas em diário de campo, descrevendo suas vivências como professoras durante a pandemia, e recolheram, por meio de entrevistas, as narrativas de quatro professores das áreas de Linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática da mesma escola onde atuam. Os dados foram analisados com base na Análise de Conteúdo (AC). Os resultados indicaram o uso de diferentes recursos digitais durante a pandemia e a realização de aulas síncronas e assíncronas. Smartphone e WhatsApp foram os recursos mais utilizados nos momentos iniciais da pandemia para a interação professor e aluno, e o Google Drive, para compartilhar materiais pedagógicos. Alguns desafios foram a falta de preparo dos professores para usar as TD e a baixa participação dos alunos.

     Lucas e Moita (2020) desenvolveram um estudo de caso, do tipo exploratório e descritivo, cujo objetivo foi refletir sobre os impactos do Ensino Remoto Emergencial nas práticas pedagógicas de professores durante a pandemia da Covid-19. Os dados foram recolhidos por meio de um questionário semiestruturado online aplicado via Google Forms a 105 professores dos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio de distintas disciplinas atuando em escolas públicas e privadas do estado da Paraíba/Brasil. Nas aulas remotas, as ferramentas do Google (Classroom, Meet, Forms, Drive, Docs) e redes sociais (WhatsAppp, Facebook, Instagram, YouTube) destacaram-se. Como estratégias, compartilhamento de vídeos e videoaulas para expor o conteúdo, exercícios de fixação do conteúdo e aulas expositivas síncronas prevaleceram. Portanto, os resultados indicaram uma diversidade de recursos digitais e práticas pedagógicas utilizadas com tecnologias digitais no ERE, parte se alinhando ao modus operandi do ensino tradicional e parte buscando superá-lo.

      Santos et al. (2021), em uma investigação qualitativa do tipo exploratória, analisam as percepções de professores de Língua Portuguesa da rede pública e privada de ensino da Educação Básica de Alagoas/Brasil sobre o redirecionamento de suas práticas pedagógicas, do presencial para o remoto, baseadas no letramento digital dos alunos. Para isso, utilizaram um questionário online, via Google Forms. Participaram da pesquisa 68 professores de Língua Portuguesa. Os dados foram analisados por meio da análise estatística e da Análise Textual Discursiva (ATD). Os resultados mostraram que foram realizadas atividades remotas síncronas e assíncronas, mediadas por várias TD, tais como: Meet, Classroom, Forms e WhatsApp. O estudo concluiu que os professores ressignificaram sua prática docente ao experienciar os usos das tecnologias digitais nos processos de ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa. Contudo, há indícios de uma didática de ensino-aprendizagem não adequada ao ERE, retornando às concepções e práticas pedagógicas tradicionais, havendo necessidade de repensar o design das aulas propostas no ERE.

     Grossi (2021) desenvolveu uma pesquisa qualitativa, descritiva e bibliográfica para analisar o potencial educativo das tecnologias digitais utilizadas no processo de ensino e aprendizagem das aulas remotas ofertadas durante a pandemia da Covid-19. A pesquisa apontou várias tecnologias digitais que podem ser usadas nas aulas remotas e suas aplicações em estratégias pedagógicas, apontando suas vantagens. O estudo indicou que o potencial educativo dessas tecnologias reside no fato de elas serem capazes de transformar o ensino e o conhecimento, exercendo um papel importante no novo contexto educacional virtual. Destaca, ainda, a necessidade de as escolas e professores refletirem sobre o uso das tecnologias digitais, sendo essencial sua apropriação nas práticas docentes.

     Oliveira e Amancio (2021) desenvolveram um estudo qualitativo, de cunho exploratório, com a finalidade de analisar que estratégias didáticas, mediadas pelas tecnologias digitais, os professores do estado de Alagoas utilizaram no Ensino Remoto. Para a coleta dos dados, aplicaram um questionário online a 21 professores do Ensino Fundamental e Médio, de escolas públicas e privadas de Alagoas. Do corpus coletado, emergiram as categorias de análise: estratégias didáticas e Tecnologias Digitais, analisadas por meio da Análise Textual Discursiva. O estudo indicou o uso de vários recursos digitais e estratégias didáticas, destacando o celular, Zoom, Kahoot, WhatsApp, Classroom, Google Meet, YouTube, usados para trabalhar vídeos e videoaulas, músicas, jogos e simulações. Evidenciou, ainda, que as tecnologias digitais em si não promovem o aprendizado, pois é preciso reconfigurar estratégias didáticas para potencializar a interação entre os alunos. Apontou também que as experiências vividas no ERE podem impulsionar possibilidades para a prática pedagógica mediada pelas tecnologias digitais, no presente e para além dele.

     Godoi et al. (2021), por meio de uma pesquisa qualitativa exploratória, buscaram identificar as práticas pedagógicas efetivadas durante o ensino remoto em Educação Física, os desafios e aprendizagens dos professores, bem como suas expectativas quanto à inserção das TD no ensino. Foi aplicado um questionário online (Google Forms), em 2020, a 33 professores de Educação Física de escolas públicas da rede municipal de Cuiabá - MT. Os resultados apontaram que a maioria dos professores usaram o WhatsApp para encaminhar tarefas escolares, gravar vídeos e áudios, além de acessar vídeos e textos da Internet. De igual modo, evidenciaram os desafios enfrentados pelos professores, como a dificuldade de acesso às tecnologias digitais e à internet, as aprendizagens relacionadas ao ERE e revelaram o interesse desses sujeitos em integrar mais as TD no pós-pandemia.

     A pesquisa de Holanda et al. (2021) intentou discutir os desafios e potencialidades da inclusão do ERE nos processos escolares da rede básica do ensino brasileiro, a partir de 26 matérias jornalísticas online e 10 documentos normativos, publicados de março a outubro de 2020. Para tal, foi adotada a pesquisa qualitativa, de cunho exploratório e documental, fazendo uso da análise categorial de Bardin, para analisar os dados, e do software Atlas Ti, para tratá-los. Os resultados mostraram diversas contribuições do ERE na pandemia, como a manutenção do vínculo família e escola. Apontaram também a desigualdade de acesso às tecnologias digitais e à internet e a falta de formação docente para trabalhar nesse novo formato como entraves para professores e alunos no contexto do Ensino Remoto. Apontaram a necessidade da integração responsável e planejada do ensino remoto ao ensino regular, com atenção especializada à sua aplicabilidade em diferentes contextos.

     Cipriani et al. (2021) buscaram analisar os pensamentos, sentimentos, desafios e perspectivas dos docentes da Educação Básica no período da pandemia da Covid-19. O instrumento usado para coletar os dados foi um questionário semiestruturado online (Google Forms), aplicado a 209 professores da Educação Básica de Juiz de Fora - MG. Para analisar os dados, utilizaram a Análise de Conteúdo e a estatística descritiva. Os resultados apontaram preocupações docentes com as acentuadas desigualdades no acesso às tecnologias digitais, dificuldades nas práticas educativas e expectativas com relação ao retorno às aulas presenciais e indicaram que a saúde emocional dos docentes foi afetada pela situação vivenciada. Apontaram, ainda, o uso de diferentes recursos digitais nas atividades remotas, principalmente, para postar materiais e transmitir aulas síncronas. Os desafios consistiram nas restrições na relação professor-aluno-família e nas distintas ferramentas e metodologias que os docentes tiveram que usar no ERE, constituindo-se este último desafio, ao mesmo tempo, um benefício, já que a necessidade de se reinventar e ressignificar a prática pedagógica estimulou a criatividade do professor.

     Vaz et al. (2021) buscaram, por meio de uma pesquisa qualitativa, mapear as estratégias, os desafios e as lições do ERE vivenciados por professores de instituições de ensino públicas e privadas de 16 estados brasileiros durante a pandemia da Covid-19. Para isso, utilizaram um questionário online (Google Forms), adotando o método de amostragem não probabilística, conhecido como “Bola de Neve”. Foram analisados 210 questionários, respondidos por 142 professores, pois alguns deles trabalhavam em mais de uma escola e, para cada uma delas, preenchia um questionário. Para analisar e interpretar os dados, fez-se uso da Análise de Conteúdo. O estudo apontou diversos recursos digitais e estratégias usados durante as aulas remotas, destacando-se o notebook e o celular. Demonstrou ainda que, embora existam diferentes contextos de atuação e casos positivos, houve pontos que comprometeram as práticas de ensino e aprendizagem no Ensino Remoto, a exemplo da exclusão digital de alguns alunos, falta de ambiente adequado para estudar, falta de autonomia no aprender e falta de formação para o uso pedagógico das TD.

     O estudo de Friedrich et al. (2021), de natureza qualitativa, buscou identificar as percepções dos estudantes da Educação Básica de um Colégio Estadual de Educação do Campo do Paraná/Brasil sobre o ensino remoto e seus desafios. Os dados foram coletados via questionário online (Google Forms) e analisados à luz da Análise Textual Discursiva. Participaram da pesquisa 14 alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio. O estudo evidenciou que, mesmo possuindo acesso a algumas ferramentas, quase metade dos estudantes não dispunha de acesso à internet banda larga na localidade rural onde a escola está localizada, o que dificultou a participação nas atividades remotas. Embora o uso de recursos digitais tenha se ampliado de forma global durante o ensino remoto, exigindo mudanças na organização dos sistemas de ensino em geral, o fomento de recursos e acessibilidade digital para os campesinos ainda constitui um enorme desafio.

     A investigação desenvolvida por Souza e Vasconcelos (2021), de natureza qualitativa e exploratória, objetivou analisar as percepções de professores de uma escola estadual de tempo integral situada em Antas – Bahia/Brasil acerca do ensino remoto e do uso de tecnologias digitais para dar continuidade a este ensino. Como instrumento de recolha dos dados, o estudo fez uso de um questionário online aplicado via Google Forms a 10 professores do Ensino Médio da referida escola. Como tecnologias digitais mais utilizadas durante o ERE, os resultados indicaram WhatsApp, Google Meet e YouTube. Apontaram, ainda, que trabalhar remotamente com o uso de tecnologias digitais foi desafiador, mas proveitoso. Além disso, uma grande parte dos professores admitiram que já foram bastante resistentes ao uso de TD, mas compreendem agora a necessidade de aprender a usá-las com fins pedagógicos.

     Drijvers et al. (2021), por meio de um estudo exploratório e descritivo, investigaram as práticas a distância no ensino secundário de Matemática que emergiram durante o fechamento das escolas, na primavera de 2020, em razão da pandemia da Covid-19, e como os professores desta disciplina de três países da Europa Ocidental (Flandres/Bélgica, Alemanha e Países Baixos) vivenciaram estas mudanças. Para isto, os autores utilizaram um questionário online focado nas práticas de ensino, percepções dos professores, didática e avaliação, aplicado entre 28 de abril e 1 de junho de 2020 a 1719 professores de Matemática. Os dados foram organizados no SPSS e analisados item por item. Quanto às práticas de ensino remotas, os resultados evidenciaram a utilização dos formatos síncronos e assíncronos, havendo um aumento drástico do uso de formatos síncronos, como videoconferência, e uma redução substancial no uso de ferramentas específicas de Matemática incorporadas em plataformas de exercícios online e ambientes de aprendizagem, bem como de redes sociais. A confiança dos professores na utilização de tecnologias digitais aumentou durante o ERE e suas experiências e crenças impactaram pouco nas suas práticas de ensino a distância. Além disso, foram observadas diferenças quanto ao uso dos recursos digitais entre os três países que podem ser explicadas por diferenças nas políticas educativas e nas instalações e apoio tecnológico.

     Hu et al. (2021) investigaram as percepções de 1035 educadores (professor, diretor, vice-diretor, assistente de turma) de 169 pré-escolas de Hong Kong - China sobre as experiências de ensino online durante o fechamento das escolas na pandemia da Covid-19, bem como suas expectativas sobre o ensino online futuro. Na recolha de dados, os autores utilizaram um questionário online semiestruturado, aplicado via Google Forms. Os dados foram analisados por meio da análise multinível de respostas mistas (modelo linear hierárquico) e Análise Temática. Os resultados mostraram a realização de atividades síncronas e assíncronas, tendo as últimas prevalecido entre os respondentes. Indicaram também o uso de vários tipos de recursos online. Algumas dificuldades reportadas foram tempo de preparação e formação profissional inadequados, pouco engajamento dos alunos nas atividades online e apoio inadequado dos pais nas atividades de aprendizagem, necessário por se tratar de crianças pequenas (3 a 6 anos) que não conseguem trabalhar de forma independente e não têm competências operacionais suficientes para utilizar as tecnologias necessárias para aceder à informação e dar feedback. Os educadores estão conscientes das limitações da aprendizagem online, mas a maioria acredita que o ensino pré-escolar online tem probabilidade de continuar no futuro.

     Em seu estudo, Scully et al. (2021) buscaram identificar as percepções dos líderes (diretores e vice-diretores) das escolas secundárias da Irlanda sobre a natureza e extensão das práticas de ensino, aprendizagem e avaliação com tecnologias digitais ocorridas nestas escolas antes da pandemia, bem como documentar a forma como estas instituições responderam ao fechamento forçado provocado pela pandemia da Covid-19, durante o qual o papel da tecnologia digital no ensino e aprendizagem aumentou repentina e inesperadamente. Para recolher os dados dos 72 líderes escolares que participaram do estudo, foi utilizado um survey online, via SurveyHero. Nos resultados, os líderes escolares expressaram atitudes positivas em relação ao potencial das tecnologias no ensino e na aprendizagem. Quanto às atividades remotas, foram desenvolvidas de modo síncrono e assíncrono. No que diz respeito às plataformas utilizadas para facilitar o ensino, a aprendizagem e avaliação remotos, o Microsoft for Education foi o mais utilizado, seguido do Google Classroom e do Edmodo. Os principais desafios reportados foram o fraco envolvimento dos alunos, falta de acesso à internet e/ou dispositivos nas casas dos alunos, comprometimento da qualidade do ensino e da aprendizagem e falta de proficiência dos professores em abordagens pedagógicas adequadas para apoiar o ensino e a aprendizagem baseados na tecnologia.

     Em seu trabalho, cujo design foi o estudo de casos múltiplos, Starks (2022) buscou descrever as práticas de ensino online dos professores da educação especial que atendem alunos com deficiência e as condições necessárias para o uso de tecnologias no ensino remoto pelos educadores especiais da Educação Básica de 5 estados dos Estados Unidos da América (EUA). Para isto, utilizou entrevistas em profundidade (n =20), semiestruturadas, via Zoom, e survey online (n = 18), com educadores especiais que lecionaram durante a pandemia da Covid-19. Para analisar os dados, foram utilizadas codificação temática e análise cruzada de casos. Os resultados destacaram que os educadores especiais usaram diferentes estratégias para fornecer experiências de aprendizagem acessíveis para alunos com deficiência e para promover o progresso no currículo, sendo uma delas o fortalecimento da parceria família-escola. Contudo, algumas barreiras no desenvolvimento das aulas remotas foram apontadas: falta de acesso a dispositivos tecnológicos e a uma rápida internet, falta de preparo dos professores para usar as TD nas aulas remotas e falta de letramento digital dos alunos. As práticas de ensino dos educadores especiais nos ambientes online forneceram insights sobre como eles podem apoiar os estudantes, com ou sem deficiência, em ambientes de ensino a distância na Educação Básica norte americana.

     Santos e Lacerda Júnior (2022), por meio de uma pesquisa qualitativa, de cunho descritivo-exploratório, buscaram compreender como ocorreu a prática docente com o uso de tecnologias digitais no ERE na cidade de Lábrea, Amazonas - Brasil. Para isso, os autores utilizaram a observação participante, com registro em diário de campo, e um questionário online semiestruturado, aplicado via Google Forms, entre fevereiro e março de 2021. Participaram do estudo 21 professores da Educação Básica de Lábrea/Amazonas - Brasil. A AC foi o método utilizado para organizar e analisar os dados. Os resultados evidenciaram alguns desafios enfrentados pelos professores durante o ERE, como o medo do contágio da doença, incertezas sobre a formação profissional, causada pela falta de preparo para manusear as TD, evidenciando a necessidade de investimento em formação contínua para a classe docente. A falta de acesso à internet banda larga e a dispositivos tecnológicos por parte dos professores e alunos também constituiu um desafio, limitando o uso dos recursos digitais ao celular e WhatsApp e impedindo práticas pedagógicas remotas diversificadas.

     Negrão e Neuenfeldt (2022) realizaram um estudo de campo, qualitativo, em uma escola pública municipal de Santana/Amapá - Brasil, cujo objetivo foi conhecer e analisar as práticas pedagógicas desenvolvidas em uma turma do 1º ano do Ensino Fundamental, por meio do celular e do WhatsApp. Para recolher os dados, foram utilizadas entrevista semiestruturada e observações sistemáticas de aulas remotas, via grupos da turma no aplicativo WhatsApp, registradas em um diário de campo. Os dados foram analisados por meio da ATD. Os resultados identificaram a predominância de aulas e atividades síncronas e permitem afirmar que o uso do celular e WhatsApp nesta turma no período de pandemia foi promissor e apresenta potencial na mediação de práticas pedagógicas inovadoras. Para isso, é preciso reconfigurar a sala de aula construindo novos espaços e tempos.

     O estudo de Galizia et al. (2022) caracterizou-se como misto, amparando-se nas abordagens quantitativa e qualitativa. O objetivo foi mapear como se desenvolveu o trabalho docente de professores da Educação Básica, de diferentes áreas, das redes municipal, estadual e particular de São Carlos/SP - Brasil, durante a pandemia da Covid-19. Para a recolha dos dados foi utilizado um questionário online, via Google Forms, de caráter exploratório, descritivo e explicativo, aplicado entre 23 de maio e 16 de junho de 2020 a 186 professores. Os dados qualitativos e quantitativos foram analisados com base na Análise de Conteúdo e na análise estatística, respectivamente. Quanto às TD utilizadas durante o ERE, o WhatsApp destacou-se como o mais utilizado. Relativamente às práticas de ensino adotadas, o foco recaiu nas atividades assíncronas e unidirecionais, como o preparo e envio de materiais e atividades para os alunos via WhatsApp. O estudo aponta para a prevalência de práticas pedagógicas com TD majoritariamente tradicionais e transmissivas, apesar da possibilidade e necessidade de inovação causada pelo uso das TD.

     A investigação de Oliveira et al. (2023) tipifica-se como qualitativa, de campo, e teve como objetivo analisar as percepções dos professores de uma escola multisseriada situada na comunidade rural de São Lourenço, Felipe Guerra/RN - Brasil sobre os efeitos da pandemia da Covid-19 e do ERE. Três professores da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, totalidade do corpo docente da referida escola, participaram da investigação. Na recolha de dados, os autores utilizaram entrevistas semiestruturadas realizadas em junho de 2022. Quanto às práticas pedagógicas e recursos adotados no ERE, destacaram-se o celular e o WhatsApp, usados para realizar aula síncrona, gravar videoaulas, enviar e receber materiais, tirar dúvidas e comunicar-se com os alunos. O estudo concluiu que o ERE intensificou a rotina laboral dos professores. Destacou, ainda, que, apesar da falta de preparo e formação para o uso das tecnologias digitais, os professores adaptaram suas práticas pedagógicas para efetivar o ensino e a aprendizagem na escola de campo, em que a falta de infraestrutura tecnológica excluiu alguns estudantes.

     Costa (2023) desenvolveu uma pesquisa participante, de cunho qualitativo, visando analisar o processo de ensino e aprendizagem em Língua Inglesa durante o ERE e as contribuições das experiências nos espaços virtuais para o ensino presencial na adaptação ao modelo híbrido de ensino. Foi desenvolvida com 1 professora e 178 alunos do 1º ao 5º ano de duas escolas, uma urbana e uma rural, da rede municipal de ensino de Guararema/SP, em 2 momentos: durante o ERE e após a volta ao ensino presencial. Na primeira etapa, utilizou, como estratégia metodológica, um questionário online, aplicado via Google Forms, com feedback de 87 alunos, para avaliar as estratégias adotadas durante as aulas remotas. Na segunda etapa, fez uso novamente de um questionário online, roda de conversa com os estudantes e observação reflexiva das suas experiências como professora de Língua Inglesa nas turmas pesquisadas da referida rede, após a volta ao ensino presencial, para avaliar se as habilidades e competências adquiridas durante o ERE continuaram presentes na rotina docente e discente no modelo regular de ensino. O estudo concluiu que, durante o ERE, foram realizadas atividades síncronas e assíncronas, com o uso de diferentes recursos digitais. Também foi utilizado material impresso, para os alunos sem acesso às TD. Houve um avanço no letramento digital dos alunos, que deixaram de ser meros consumidores das TD e se tornaram produtores de conteúdo, por meio de práticas autorais que estimularam a criticidade, reflexão e colaboração dos educandos.

     Andrade et al. (2023) desenvolveram uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL) em teses e dissertações para analisar experiências didáticas com TD desenvolvidas no Ensino Médio de Física no ERE durante a pandemia da Covid-19. As bases de dados utilizadas foram o portal de teses e dissertações da CAPES e o Banco de Teses do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). O corpus da RSL foi constituído por 37 dissertações, defendidas em 2020 e 2021. Nesse sentido, o estudo buscou analisar os principais recursos digitais presentes nas experiências, as formas de utilização das TD para o ensino de Física e as tendências teórico-metodológicas que embasaram as propostas de ensino. Na maioria dos estudos analisados, foi identificado o uso combinado de atividades síncronas e assíncronas, realizadas através de plataformas de videoconferência e AVA, mas também foi possível observar que as TD foram usadas para além da mediação comunicacional, sendo empregadas para realizar atividades experimentais, simulações de fenômenos físicos, criação de conteúdos e atividades de programação e robótica. As atividades remotas foram planejadas com base em referenciais teóricos ou abordagens metodológicas consagradas no ensino de Física. No uso dos recursos digitais, houve preocupação em integrar os aspectos relacionados ao conteúdo, à metodologia e ao conhecimento da tecnologia, o que proporciona experiências mais eficazes no ensino com TD. Por fim, os estudos enfatizaram o papel do professor no uso das TD no contexto da pandemia, ao assumir o protagonismo não só na criação dos conteúdos como também no gerenciamento de todo o processo de ensino.

     Os resultados são apresentados a seguir, conforme as categorias eleitas supracitadas.