3.3.2 Práticas de Ensino e Aprendizagem Utilizadas no ERE

Embora o ERE constitua, em geral, uma transposição do presencial para o virtual, Godoi et al. (2021) alertam para o fato de que usar as tecnologias digitais no ensino presencial não significa saber usá-las na modalidade remota, tendo em vista suas especificidades e os modos como serão utilizadas: síncrono ou assíncrono.

Neste sentido, alguns estudos (Godoi et al., 2021; Holanda et al., 2021; Lucas & Moita, 2020; Oliveira et al., 2023; Santos & Lacerda Júnior, 2022; Souza & Vasconcelos, 2021; Starks, 2022; Vaz et al., 2021) ressaltam a importância de uma formação docente para o uso pedagógico das TD no formato remoto, em razão da evidente falta de preparo dos professores para utilizar os recursos digitais nesse modelo.

Souza e Vasconcelos (2021) também alertam que não adianta inserir as TD na escola sem preparar o professor, pois a inovação que estes recursos possibilitam não está condicionada ao seu mero uso, mas às estratégias utilizadas pelo professor ao usá-las. Para isso, afirmam ser primordial a formação inicial e contínua, pois é ela que fornecerá as competências digitais necessárias.

Starks (2022), por sua vez, acredita que os educadores especiais, em particular, tiveram uma capacidade de inovar em ambientes online durante o ERE diferenciada, devido a sua experiência com o ensino inclusivo, lidando rotineiramente com estudantes com distintas necessidades e com tecnologias assistivas.

Ainda sobre a falta de preparo e formação para o uso das TD, Vaz et al. (2021) asseveram que, historicamente, as licenciaturas têm preparado professores para o ensino presencial, embora aqueles que receberam formação para o uso dos recursos digitais antes da pandemia afirmaram não possuir experiência ou preparo didático para o ERE, tampouco estrutura em suas casas para lecionar neste formato.

Esta afirmação chama a atenção notadamente porque, conforme mencionado, há estudo realizado em todo o país (Instituto Península, 2020) comprovando que, mesmo dominando tecnicamente as tecnologias, os professores não se sentiam preparados para dar aulas online. Assim, continuam a ser excluídos digitais, pois não sabem como utilizar as tecnologias nas diversas situações cotidianas, inclusive pedagógicas, para melhorar a sua vida e seu entorno (Bonilla & Pretto, 2011). Tal fato torna ainda mais necessária a discussão das práticas adotadas pelos professores no ERE durante a pandemia da Covid-19.

Para a apresentação e discussão das práticas de ensino e aprendizagem utilizadas durante o ERE, fez-se o seu agrupamento por categorias temáticas.

A Tabela 3 apresenta resumidamente tais categorias e suas estratégias pedagógicas.

Tabela 3

Práticas de Ensino e Aprendizagem com TIC adotadas no ERE

Verifica-se na Tabela 3 que, quanto às modalidades de ensino utilizadas pelos professores, líderes escolares e estudantes durante o ERE, a maioria dos trabalhos (n = 19) indicou o uso concomitante de formatos síncronos e assíncronos (Aguiar et al., 2020; Andrade et al., 2023; Cipriani et al., 2021; Costa, 2023; Dias-Trindade et al., 2020; Drijvers et al., 2021; Friedrich et al., 2021; Galizia et al., 2022; Grossi, 2021; Hu et al., 2021; Lucas & Moita, 2020; Oliveira & Amancio, 2021; Oliveira et al., 2023; Rocha et al., 2020; Samartinho et al., 2020; Santos et al., 2021; Scully et al., 2021; Starks, 2022; Vaz et al., 2021).