5.4.2 Guiões das Entrevistas
5.4.2 Guiões das Entrevistas
No que se refere à verificação da validade dos dados qualitativos, Creswell e Creswell (2018, p. 274) afirmam que “validity does not carry the same connotations in qualitative research that it does in quantitative research”. Para estes autores, que defendem a incorporação de estratégias de validade também nas investigações qualitativas, a validade se fundamenta em determinar se as descobertas realizadas são precisas do ponto de vista do investigador, dos participantes ou dos leitores.
Consoante os autores, para validar seus dados qualitativos, o investigador deve verificar “the accuracy of the findings by employing certain procedures, whereas qualitative reliability indicates that the researcher’s approach is consistent across diferent researchers and among different projects” (Creswell & Creswell, 2018, p. 274).
Nesse sentido, Creswell e Creswell (2018) referem oito estratégias que podem contribuir para a validade da investigação. Elas foram organizadas a partir das mais utilizadas e de fácil implementação até aquelas usadas ocasionalmente e mais difíceis de implementar.
No âmbito dessa investigação, algumas delas foram adotadas, conforme seguidamente se descreve.
(i) Triangulação de diferentes fontes de dados (transcrições de entrevistas e três questões descritivas retiradas dos questionários aplicados) a partir de três diferentes perspectivas: (estudantes, professores e gestores escolares). A vantagem da triangulação, segundo Gibbs (2007, p. 94), é que “by getting more than one different view on a subject, an accurate (or more accurate) view of the subject matter can be obtained”;
(ii) Uso de uma descrição rica e densa das descobertas, o que trouxe diversas perspectivas sobre as práticas de ensino e aprendizagem com TD na pandemia da Covid-19. Ao prover uma descrição detalhada, os resultados se tornam mais realistas e ricos;
(iii) Apresentação de informações discrepantes ou negativas acerca do tema: fala de estudantes afirmando que as TD não contribuíram durante o ERE, em razão das distrações. Relatar isso aumenta a credibilidade do estudo, já que a realidade também é contraditória, composta de diferentes visões que nem sempre se aglutinam (Creswell & Creswell, 2018). Para Coutinho (2014), credibilidade corresponde à validade interna de um estudo quantitativo e se refere ao quanto o investigador, por meio de suas (re)construções, reproduz o fenômeno estudado e as percepções dos participantes da investigação;
(iv) Passar um tempo prolongado no campo de investigação também ocorreu, em razão das 11 entrevistas presenciais (7 entrevistas foram realizadas por webconferência) e da visita a 24 escolas durante a aplicação dos questionários, o que trouxe uma compreensão mais profunda das escolas, dos atores escolares e do fenômeno estudado, refletida no relato, tornando, assim, mais precisas ou válidas as descobertas qualitativas (Creswell & Creswell, 2018).
Com relação à confiabilidade em estudos qualitativos, para obtê-la, Yin (2009) sugere documentar o maior número possível de etapas dos procedimentos, criar um protocolo detalhado e um banco de dados, procedimentos que podem ser transferíveis, seguidos por outros. A transferibilidade, possibilidade de aplicar em outro contexto ou configuração as descobertas obtidas em uma investigação qualitativa, equivale, em condições totalmente distintas, ao conceito de generalização (validade externa) da investigação quantitativa (Coutinho, 2014).
Gibbs (2007, p. 98), por sua vez, sugere alguns procedimentos que podem ser utilizados para analisar a confiabilidade de um estudo qualitativo. Dois deles foram procedimentos adotados nessa investigação: “Checagem das transcrições”, para assegurar que elas não contivessem erros óbvios realizados durante a transcrição, e “Desvio de definição na codificação”, para certificar que não houve desvio no significado dos códigos durante a codificação dos dados qualitativos, o que foi feito comparando continuamente os dados com os códigos.
Tentou-se, por meio dos procedimentos acima referidos, atestar a validade e confiabilidade da fase qualitativa dessa investigação.