6.4.1 ANOVA: Procedimentos

6.4.1 ANOVA: Procedimentos

 

Foi realizada uma Análise de Variância de uma via (ANOVA One-Way), por meio do SPSS, com o objetivo de determinar se havia diferenças estatisticamente significativas entre os 3 grupos amostrais que compõem essa investigação (Gestor, Professor e Estudante), relativamente aos 65 itens comuns aos 3 questionários (organizados com base na estrutura do questionário dos professores), relembrados na Tabela 72.

Tabela 72

Itens Comparados com Recurso à ANOVA

Questão

Item/Variável

Q12 Qual era seu grau de preparação tecnológica para transitar para um regime de aulas remotas?

(Escala de 0 a 3 – Nada preparado; Muito pouco preparado; Razoavelmente preparado; Totalmente preparado)

Q12 Qual era seu grau de preparação tecnológica para transitar para um regime de aulas remotas?

Q14 Frequentou formação durante a pandemia da Covid-19?

(Dicotômica: Sim/Não)

Q14 Frequentou formação durante a pandemia da Covid-19?

Q19 Você teve alguma dessas limitações de acesso às tecnologias para realizar atividades remotas em meios virtuais?

(Escolha múltipla organizada de forma dicotômica: Sim/Não)

Q19_1 Não possuía computador

Q19_2 Não possuía celular/smartphone

Q19_3 Não possuía internet na residência

Q19_4 Internet era de baixa qualidade

Q19_5 Tive que comprar equipamentos

Q19_6 Tive que usar equipamentos da escola ou de outras pessoas

Q19_7 Já tinha todos os recursos necessários

Q21 Quais os principais recursos utilizados nas aulas remotas?

(Múltipla escolha organizada de forma dicotômica: Sim/Não)

 

Q21_1 Apostilas e materiais impressos

Q21_2 Ambiente Virtual de Aprendizagem

Q21_3 Materiais online

Q21_4 Videoaulas gravadas pelo professor

Q21_5 Vídeos do YouTube

Q21_6 Aplicativos de webconferência

Q21_7 Grupos de mensagen

Q21_8 Mensagens de e-mail

Q21_9 Aplicativos de colaboração

Q21_10 Aplicativos de quiz

Q21_11 Computador pessoal (de mesa)

Q21_12 Notebook

Q21_13 Celular/smartphone

 

Q22 Você considera que a dinâmica das aulas durante a pandemia ampliou suas habilidades em relação ao uso de tecnologias? (Escala de 0 a 3 –Em nada ampliou; Ampliou pouco; Ampliou razoavelmente; Ampliou muito)

Q22 Você considera que a dinâmica das aulas durante a pandemia ampliou suas habilidades em relação ao uso de tecnologias?

 

Q23 Você considera que a dinâmica das aulas durante a pandemia ampliou as habilidades dos estudantes em relação ao uso de tecnologias?

(Escala de 0 a 3 –Em nada ampliou; Ampliou pouco; Ampliou razoavelmente; Ampliou muito)

Q23 Você considera que a dinâmica das aulas durante a pandemia ampliou as habilidades dos estudantes em relação ao uso de tecnologias?

 

Q24 Após o fim do ERE, você pretende continuar utilizando os recursos digitais incorporados durante a pandemia nas suas aulas?

(Escala de 0 a 3 – Não, pois não contribuem para as aulas presenciais; Não, pois poucos contribuem; Sim, pretendo incorporar alguns dos recursos; Sim, pretendo incorporar a grande maioria dos recursos)

Q24 Após o fim do ERE, você pretende continuar utilizando os recursos digitais incorporados durante a pandemia nas suas aulas?

Q25 Sobre os recursos a seguir, quais você “nunca utilizou”, quais “já conhecia e utilizava antes da pandemia”, quais “passou a utilizar durante a pandemia, mas não pretende continuar utilizando após a pandemia” e quais “passou a utilizar durante a pandemia e pretende continuar utilizando após a pandemia” como apoio pedagógico?

(Escala de 0 a 3 – Nunca utilizei, Já utilizava antes da pandemia, Comecei a usar durante a pandemia, mas não pretendo continuar utilizando e Passei a utilizar durante a pandemia e pretendo continuar utilizando)

Q25_1 Google Classroom

Q25_2 Google Meet

Q25_3 Zoom

Q25_4 Google Drive

Q25_5 E-mail

Q25_6 Documentos, planilhas e apresentações compartilhados

Q25_7 Google Agenda

Q25_8 Google Formulários

Q25_9 Google Jamboard

Q25_10 Google Sites

Q25_11 Kahoot

Q25_12 Socrative

Q25_13 Mentimeter

Q25_14 Padlet

Q25_15 Plickers

 

Q26 Qual o grau de utilização de tecnologias digitais nas aulas/práticas escolares antes da pandemia?

(Escala de 0 a 3 – Nenhum; Muito pouco; Algum; Muito)

 

Q26 Qual o grau de utilização de tecnologias digitais nas aulas/práticas escolares antes da pandemia?

 

Q27 Qual o grau de utilização de tecnologias digitais nas aulas/práticas escolares durante a pandemia?

(Escala de 0 a 3 – Nenhum; Muito pouco; Algum; Muito)

Q27 Qual o grau de utilização de tecnologias digitais nas aulas/práticas escolares durante a pandemia?

 

Q28 Qual o grau de utilização de tecnologias digitais nas aulas/práticas escolares após a pandemia?

(Escala de 0 a 3 – Nenhum; Muito pouco; Algum; Muito)

Q28 Qual o grau de utilização de tecnologias digitais nas aulas/práticas escolares após a pandemia?

Q31 Na sua experiência, indique o que não funcionou, o que funcionou de forma razoável e o que funcionou bem durante as atividades de ensino remoto impostas pela pandemia da Covid-19.

(Escala de 0 a 2 – Não funcionou; Funcionou de forma razoável; Funcionou bem)

Q31_1 Adaptação e organização das aulas ao ensino remoto

Q31_2 Adequação da carga horária às atividades demandadas

Q31_3 Flexibilidade para estudar/organizar as aulas

Q31_5 Participação dos alunos nas atividades síncronas

Q31_6 Realização das atividades por parte dos alunos

Q31_9 Conhecimento dos alunos para uso dos recursos digitais

Q31_11 Acesso dos alunos aos recursos digitais

Q31_14 Autonomia para estudar/trabalhar de diferentes formas

Q31_21 Interação com os colegas

Q33 Durante as aulas remotas no período da pandemia da Covid-19, como o desempenho dos alunos em seu processo de aprendizagem foi avaliado? (Múltipla escolha organizada em escala dicotômica: Sim/Não)

 

Q33_1 Criação de vídeos, podcast, infográfico, painel ou pôster online

Q33_2 Criação de desenhos, memes, paródias, Histórias em Quadrinhos

Q33_3 Elaboração de mapa conceitual

Q33_4 Seminários virtuais

Q33_5 Produção de textos

Q33_6 Produção de slides

Q33_7 Provas/testes escritos

Q33_8 Participação nas aulas síncronas

Q33_9 Realização e entrega das atividades no prazo

Q33_10 Quizzes e jogos digitais

Q33_11 Participação em lives/palestras

Q33_12 Exercícios/atividades enviadas via e-mail ou redes sociais

 

Q34 Você acredita que as tecnologias digitais incorporadas às práticas escolares durante a pandemia contribuíram para o ensino e a aprendizagem?

(Dicotômica: Sim/Não)

Q34 Você acredita que as tecnologias digitais incorporadas na sua prática escolar durante a pandemia contribuíram para o ensino e a aprendizagem?

 

A ANOVA é utilizada para comparar médias entre 3 ou mais grupos amostrais e requer, como pressupostos para sua aplicação, que i) as observações em cada grupo sejam independentes entre si; ii) exista distribuição normal das variáveis dos grupos em estudo; e, por fim, iii) exista homogeneidade das variâncias nos dados em cada grupo (Cohen et al., 2018; Marôco, 2007).

No teste ANOVA, a determinação da significância estatística das diferenças entre as médias é feita a partir do valor de probabilidade de significância (p-value) em relação à probabilidade de erro aceita pelo pesquisador. A probabilidade de erro é também denominada alfa ou α. No presente estudo, o nível definido foi de 0,05, que é o valor mais comumente adotado pela maioria dos pesquisadores em Educação, bem como nas restantes Ciências Sociais e Comportamentais (Jonhson & Christensen, 2014).

De acordo com Johnson e Christensen (2014), se o p-value obtido for menor ou igual ao α, deve-se rejeitar a hipótese nula (sendo que a H0 estabelece que as médias dos grupos são iguais) e assumir que as médias dos grupos não são iguais, aceitando-se assim a hipótese alternativa (H1 = existe pelo menos uma média dos grupos que se revela diferente das restantes), a qual estabelece que há diferenças. Por outro lado, se o p-value obtido for maior do que o sig., deve-se aceitar a hipótese nula.

No caso do presente estudo, a normalidade dos dados foi aferida por meio da aplicação do teste Kolmogorov-Smirnov. Este teste apresentou resultados que revelam que os 64 itens não seguem todos uma distribuição normal, haja vista o nível de significância do teste K-S para todos os 64 itens ter sido inferior a 0,05 (Apêndice U - Tabela U1), valor requerido para que seja cumprido o pressuposto de normalidade (Field, 2009).

De igual modo, a homogeneidade de variâncias foi verificada por meio da aplicação do teste de Levene. Neste teste, quando o valor do p é inferior ao nível de significância estabelecido (em geral, 0,05), pode-se afirmar que há indícios suficientes para se aceitar a violação do pressuposto de homogeneidade de variâncias. O teste de Levene demonstrou que há falta de homogeneidade na maioria dos itens nos 3 grupos, excetuando-se apenas os itens:  Q25_1, Q25_3, Q33_3, Q33_4, Q33_6 e Q33_10 (Apêndice U - Tabela U2).

Portanto, os dados sob análise não atendem a estes dois pressupostos requeridos para o emprego da ANOVA paramétrica: normalidade da distribuição e homogeneidade de variâncias. Vale salientar ainda que os tamanhos amostrais são discrepantes (Gestor: n = 75; Professor: n = 237; Estudante: n = 1.812).

Caso houvesse apenas a violação do pressuposto da normalidade da distribuição, seria possível utilizar a ANOVA paramétrica, já que é um teste robusto à violação de normalidade (Field, 2009; Marôco, 2007). Contudo, considerando a heterogeneidade de variâncias entre os grupos, foi empregada a correção de Welch no teste ANOVA, ou ANOVA de uma via de Welch, teste considerado mais robusto e confiável do que a ANOVA clássica de Fisher, nos casos em que tal pressuposto não é assumido e o número de observações em cada grupo não é igual (Field, 2009; Cohen et al., 2018). No caso dos itens Q25_1, Q25_3, Q33_3, Q33_4, Q33_6 e Q33_10, cujas variâncias demonstraram ser homogêneas, utilizou-se a ANOVA paramétrica, por ser um teste robusto o suficiente, mesmo quando a distribuição não é normal (Marôco, 2007).

Com vistas a corrigir o desvio de normalidade, recorreu-se à técnica do bootstrap, “a statistical method based on resampling that can be used to perform statistical inference” (Haukoos & Lewis, 2005), realizada por meio do SPSS. Os procedimentos de bootstrapping (1000 reamostragens; 95% IC BCa) foram realizados para se obter uma maior confiabilidade dos resultados, corrigir desvios de normalidade da distribuição e diferenças entre os tamanhos das amostras, bem como para respeitar o intervalo de confiança de 95% para as diferenças entre as médias (Haukoos & Lewis, 2005).

Uma vez que o teste de Levene foi significativo, revelando desigualdade de variâncias (Apêndice U – Tabela U2) e diferentes dimensões entre os grupos, para identificar que pares de grupos apresentam diferenças estatisticamente significativas entre os valores médios nestes registados, recorreu-se a uma análise post hoc por meio da técnica de Games-Howell. Os procedimentos post hoc ou de comparações múltiplas constituem comparações em pares (pairwise) que intentam comparar as diferenças entre cada uma das possíveis combinações entre os grupos testados (Field, 2009) e são realizados para identificar quais grupos diferem entre si quando alguma diferença estatisticamente significativa é encontrada no teste ANOVA de Welch.

O procedimento de Games-Howell é considerado poderoso e preciso quando as variâncias e os tamanhos das amostras são desiguais (Field, 2009; Cohen et al., 2018), como é o caso. Neste teste, se o valor p < 0,05, há diferença estatisticamente significativa entre os grupos analisados; porém, se o valor p > 0,05, pode-se assumir que não há diferença estatisticamente significativa entre eles.