6.4.2 Resultados da ANOVA

Q12 Grau de Preparação Tecnológica para o ERE

Os resultados descritivos das diferenças entre as médias dos grupos relativamente à variável “Grau de preparação tecnológica para o ERE” encontram-se na Tabela 73.

Tabela 73

Estatísticas Descritivas do Grau de Preparação para o ERE - Amostra Total e Separada por Grupos

A ANOVA de Welch demonstrou diferença entre as médias dos grupos [Welch´s F (2, 192,882) = 4,992, p = ,008].

O teste post-hoc de Games-Howell, interpretado por meio de procedimentos de bootstrapping, revelou diferença significativa apenas entre os grupos Estudante/Professor [(DM = -,172, IC 95% BCa (-,293 – -,053)]. Nesse sentido, o grupo dos professores apresenta um score médio mais elevado (M=1.20) do que o dos estudantes, denotando que os professores se sentiam mais preparados para o ERE no início da pandemia do que os estudantes.

Essa diferença nos scores médios dos estudantes e professores quanto ao grau de preparação para o ERE pode ser devida à questão da formação para o uso pedagógico das tecnologias, já que parte dos professores já havia frequentado formações para o uso das TD na prática pedagógica antes mesmo da pandemia (21,9%), bem como durante (57,8%), enquanto uma parcela dos estudantes (26,8%) só veio a realizar formação sobre TD durante o ERE.

Um dos professores entrevistados contou como se surpreendeu com a falta de preparo dos estudantes para usar alguns recursos durante o ERE:

Quase metade dos alunos não tinha internet, uma parte não tinha e-mail, ou usava o e-mail da mãe, do namorado, do irmão mais velho, enfim, não tinha e-mail. Tinha uma parte que não sabia sequer anexar um arquivo no e-mail. Eles mostraram que também tinham dificuldades. Eu terminei o ano de 2020 com aluno sem saber anexar uma atividade no Classroom. Às sextas, eu dava aula de Linguagens: Produção Textual, Gramática e Literatura. E eu lembro que eu ficava lá no Meet: "Gente, estou esperando". Aí, duas alunas vieram no meu privado, com vergonha, e disseram: "professora, eu só não entrei porque eu não sei como é que faz para entrar". Ela não conseguia clicar no “Pedir para participar” da reunião. Algo muito elementar. Então, eles se comunicam pelo WhatsApp, pelas redes sociais, Instagram, Tik Tok, fazem isso, fazem aquilo, mas, ainda assim, têm severas limitações no letramento digital. (P2A, comunicação pessoal, 1 de novembro de 2022)

Outra possível explicação pode estar relacionada à falta de dispositivos por parte dos estudantes, já que 54,3% destes sujeitos afirmaram não possuir computador, celular ou internet em sua residência no início da pandemia. Fato comprovado nas falas de representantes dos três segmentos: “Acho que a maior diferença foi a questão de tecnologias, vamos dizer, celular, computador, internet, alguns tinham acesso, outros, não” (A3GF2AP, comunicação pessoal, 20 de outubro de 2022); “ Havia famílias que só tinham um celular e, muitas vezes, o aluno esperava o pai chegar do trabalho para poder fazer a atividade” (P1AP, comunicação pessoal, 15 de outubro de 2022) e “Acredito que os alunos também sentiram dificuldade. Dos 789 alunos que tínhamos, em 2020, 285 sequer conseguiram acessar. Não tiveram acesso. Não participaram de nenhuma atividade nas aulas remotas. Não sabiam usar, não tinham recurso” (GEAP, comunicação pessoal, 20 de outubro de 2022).

Por sua vez, o grupo dos gestores não apresentou diferenças significativas com relação ao grupo dos professores nem ao grupo dos estudantes, conforme se observa na Tabela 74.

Tabela 74

Teste Post-hoc de Games-Howell com Bootstrapping (95% IC BCa) da Variável Grau de Preparação Tecnológica para o ERE