7.6 Sugestões para Futuras Investigações

7.6 Sugestões para Futuras Investigações

 

Este estudo, exploratório e descritivo em sua natureza, buscou investigar as mudanças ocorridas nas práticas de ensino e aprendizagem, relativamente ao uso de tecnologias digitais, durante e em razão da pandemia da Covid-19, a partir da perspetiva dos estudantes, professores e gestores das escolas públicas de ensino médio do estado do RN – Brasil.

Pareceu uma mais-valia investigar o impacto do ERE nas práticas escolares com tecnologias digitais em um contexto tão extraordinário quanto o da pandemia da Covid-19, já que os resultados encontrados podem ajudar a traçar novos rumos neste processo de integrar os recursos digitais na educação, quer em contexto de ensino presencial, quer em contexto híbrido ou remoto. Pode-se concluir que os objetivos adotados foram alcançados.

Entretanto, dado o caráter extraordinário e ainda não suficientemente explorado do tema investigado, é preciso ampliar os estudos acerca da pandemia da Covid-19 e seu impacto na seara educacional. Deste modo, para uma melhor compreensão do que foi vivenciado pelas escolas e seus agentes no período pandêmico e subtrair daí as lições necessárias para orientar os decisores políticos no planejamento de ações que possam vir a impactar as instituições escolares, são apresentadas algumas sugestões para futuras investigações.

Considerando que este estudo e a maioria dos que compuseram a revisão de literatura investigaram as práticas escolares do sistema educacional público, faz-se relevante desenvolver investigações que se centrem no impacto da pandemia e do ensino remoto no sistema particular de ensino ou que comparem os dois sistemas, público e privado, de modo a ampliar a compreensão sobre a situação inusitada vivenciada.

Durante o ensino remoto, a exclusão digital apresentou-se como o maior óbice enfrentado pelos três grupos participantes. Assim, considera-se pertinente desenvolver estudos que analisem relações de causa e efeito entre, por exemplo, a exclusão digital e os comportamentos assumidos face às tecnologias digitais e práticas de ensino e aprendizagem no ERE. Neste sentido, uma ênfase pode ser dada a estudos envolvendo a população do campo, cuja falta de acesso mostrou-se ainda maior do que a da população urbana.

Nos relatos dos respondentes, foi mencionada a dificuldade dos estudantes com deficiência/necessidades especiais para participar das aulas, devido à falta de acesso a tecnologias assistivas. Portanto, a realização de investigações abordando os desafios enfrentados por este grupo e o dos professores para participar/ministrar aulas remotas durante a pandemia e as ações desenvolvidas pelas escolas no sentido de facilitar a participação dos alunos com deficiência/necessidades especiais pode apoiar uma melhor integração das tecnologias assistivas à prática pedagógica, evitando a evasão escolar em caso de futuras disrupções no ensino escolar.

Por fim, a pandemia pode ter acelerado e promovido algumas mudanças no sistema educativo originadas, entre outras, da adoção de metodologias ativas e modelos híbridos de ensino (Moran, 2022), que se caracterizam pela inserção das tecnologias digitais na prática pedagógica e pela personalização do ensino, tornando o aluno o centro do processo de aprendizagem e protagonista do seu percurso escolar. Nesta investigação, as práticas que se adequam a estes formatos de ensino, cujo centro é o aluno, ainda se mostraram incipientes. Por conseguinte, merecem ser investigados os efeitos da pandemia sobre as práticas baseadas nos métodos ativos, como a blended learning, e sua consolidação no pós-pandemia, podendo estes estudos ser aplicados também a professores de outras etapas e sistemas de ensino (Educação Infantil, Ensino Fundamental, privado, federal, municipal) que não apenas os do Ensino Médio e público.

Por fim, seria interessante ainda ir para a sala de aula estudar, observar o que realmente ficou em termos de práticas agregadas na pandemia no pós-pandemia. Ou seja, investigar in loco, para além dos relatos, do que as pessoas dizem que fazem, o que de fato elas fazem.