Q33 Formas de avaliação da aprendizagem dos Estudantes no ERE

No que diz respeito às formas de avaliação da aprendizagem dos estudantes no ERE, na Tabela 98, encontram-se os dados descritivos das diferenças entre os três grupos.

Tabela 98

Estatísticas Descritivas das Formas de Avaliação da Aprendizagem dos Estudantes no ERE - Amostra Total e Separada por Grupos

A Tabela 99 apresenta os resultados das diferenças estatisticamente significativas entre as médias dos grupos em análise na questão 33, identificadas por meio da ANOVA paramétrica, para os itens com variâncias homogêneas (Q33_3, Q33_4, Q33_6 e Q33_10), e da ANOVA com correção de Welch, para os demais itens (Q33_1, Q33_2, Q33_5, Q33_7, Q33_8, Q33_9, Q33_11 e Q33_12).

Tabela 99

Resultados do Teste ANOVA Paramétrica e de Welch para Q33

Dentre os itens verificados pela ANOVA paramétrica (Tabela 99), foram encontradas diferenças significativas do ponto de vista estatístico entre os grupos nos itens Q33_4 (sig. = <,001) e Q33_6 (sig. = ,045). De modo contrário, os itens Q33_3 (sig. = ,702) e Q33_10 (sig. = ,739) não apresentaram diferenças significativas.

Por sua vez, os resultados da ANOVA de Welch (Tabela 99) comprovaram que há diferenças significativas entre as médias dos grupos no que concerne aos 8 itens analisados: Q33_1, Q33_2, Q33_5, Q33_7, Q33_8, Q33_9, Q33_11 e Q33_12.

Em conformidade com a Tabela 100, o teste de Games-Howell, interpretado com e sem bootstrapping (Q33_4 e Q33_6), apresentou diferenças significativas quanto aos itens Q33_1, Q33_2, Q33_8 e Q33_11 entre os grupos: Gestor/Estudante e Estudante/Professor.

Tabela 100

Teste Post-hoc de Games-Howell com e sem Bootstrapping (95% IC BCa) da Incorporação e Pretensão de Continuidade do Uso de Recursos Digitais no Pós-Pandemia

No que toca ao par Gestor/Estudante, em todos esses 4 itens - Q33_1 (Criação de vídeos, podcast, infográfico, painel ou pôster online), Q33_2 (Criação de desenhos, memes, paródias, Histórias em Quadrinhos/banda desenhada), Q33_8 (Participação nas aulas síncronas) e Q33_11(Participação em lives/palestras) -, o grupo de gestores apresentou scores médios mais altos dos que o grupo de estudantes. Com relação ao par Estudante/Professor, os scores médios mais elevados foram aferidos junto ao grupo dos professores. Por conseguinte, em ambos os pares, os estudantes indicam um uso das formas de avaliar descritas nos itens acima referidos inferior ao uso apontado pelos gestores e professores.

As possíveis razões para o score médio inferior dos estudantes podem ser a falta de consciência de que estavam sendo avaliados por meio das formas citadas nos itens Q33_1, Q33_2, Q33_8, Q33_11 e/ou sua percepção mais limitada, visto que falam apenas daquilo que vivenciaram, ou seja, sua experiência individual, como ilustram as narrativas a seguir: “Não fiz seminário” (A1GF1AP, comunicação pessoal, 20 de outubro de 2022); “A gente fez seminário uma vez” (A6GF1AP, comunicação pessoal, 20 de outubro de 2022); “Teve professor que mandava a gente enviar pelo e-mail” (A6GF2AP, comunicação pessoal, 20 de outubro de 2022); “O meu pedia que enviasse pelo WhatsApp” (A3GF2AP, comunicação pessoal, 20 de outubro de 2022).

Os gestores, de seu lugar de fala, observam as atividades avaliativas desenvolvidas por todos os docentes e discentes; já os professores, por sua vez, percebem sua vivência individual, mas também a dos alunos sob sua responsabilidade, que não é igual para todos por causa de inúmeros fatores já discutidos (falta de acesso, desmotivação, evasão, etc.).  

O item Q33_5 (Produção de textos) apresentou diferenças entre os grupos Gestor/Professor, Gestor/Estudante e Estudante/Professor. Dentre os três grupos, o score médio mais alto foi obtido pelos gestores (M=,68) e o mais baixo, pelo grupo de estudantes (M=,42). Aqui, também, a diferença das médias pode ser explicada pela perspetiva assumida por cada um destes segmentos a partir da sua posição nas aulas e atividades remotas, anteriormente mencionada, o que lhes permitiu uma observação mais ou menos ampla/restrita do uso da produção textual como forma avaliativa na pandemia.

No que se refere ao item Q33_4 (Seminários virtuais), foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos Gestor/Professor e Gestor/Estudante. Em ambos os pares, o score médio do grupo de gestores é mais alto (M=,59) comparativamente ao dos outros dois grupos, cujo score foi igual (M=,37).

Quanto aos itens Q33_6 (Produção de slides) e Q33_12 (Exercícios/atividades enviadas via e-mail ou redes sociais), foram verificadas diferenças significantes apenas entre os grupos Gestor/Estudante. Em ambos os itens, os gestores apresentaram um score médio mais alto do que os estudantes.

No que toca aos itens Q33_4, Q33_6 e Q33_12, acima analisados, o gestor indicou, possivelmente por seu olhar mais amplo no acompanhamento das atividades de ensino e aprendizagem remotas, um uso maior dos modos de avaliar por meio de seminários virtuais, produção de slides e exercícios/atividades enviadas via e-mail ou redes sociais no período pandêmico do que o uso apontado por professores e estudantes.

Relativamente ao item Q33_7 (Provas/testes escritos), foram encontradas diferenças entre os pares Gestor/Professor e Estudante/Professor, tendo o grupo de professores apresentado uma média mais elevada (M=,54) do que o grupo de gestores (M=,40) e de estudantes (M=,39).

Não se pode esquecer de que o professor é o responsável por planejar, elaborar e aplicar as atividades avaliativas, em todas as suas formas. E ele o faz com base na situação dos alunos; situação que, no período pandêmico, foi bastante diversificada, como já amplamente discutido no decorrer desse estudo.

Excetuando-se as atividades impressas, a maioria das formas avaliativas utilizadas pelos professores foi desenvolvida com recursos digitais. Isto significa que um grande número de alunos não conseguiu participar de algumas ou da maioria destas avaliações, por sua falta de acesso a dispositivos e internet. Corroborando, um dos estudantes citou como ponto negativo no ERE a “falta de recursos tecnológicos para algumas pessoas, levando à não realização das atividades” (E145, comunicação pessoal, 29 de agosto de 2022).

As narrativas dos professores e estudantes nas entrevistas também apontam para esta conclusão: “A avaliação era mais por meio de teste, no Google Forms. E 90% respondiam a atividade, os outros não faziam” (P1A, comunicação pessoal, 2 de novembro de 2022); “Os alunos da zona rural foram excluídos das aulas online. É tanto que tem aluno que desistiu, porque não tinha como. Não tinha a tecnologia e a internet também não chegava lá. Então, ficou inviável” (P1AP, comunicação pessoal, 15 de outubro de 2022); “Como o professor não tinha como controlar quem colava ou não, havia alguns que só faziam as provas online pelo Meet. Você ligava a câmera na hora da prova e ficava respondendo” (A3GF1AP, comunicação pessoal, 20 de outubro de 2022); “Eles colocavam a prova lá no Meet em forma de apresentação e a gente ia copiando e fazendo. Aí, naquele momento, a gente tinha que responder, tirar a foto e mandar para eles” (A2GF2AP, comunicação pessoal, 20 de outubro de 2022); “Às vezes, não tinha como eu assistir aula porque minha internet estava ruim. Não tinha como eu entrar na sala” (A1GF2AP, comunicação pessoal, 20 de outubro de 2022).

Por fim, em relação ao item Q33_9 (Realização e entrega das atividades no prazo), o Games-Howell só encontrou diferenças diferenças significativas entre o par Estudante/Professor, tendo o grupo de estudantes apresentado um score médio mais alto do que o grupo de professores [(DM = ,102, IC 95% BCa (,37 – ,169)].

É possível que, neste caso específico, o score médio mais elevado dos estudantes deva-se à atenção maior aos prazos das atividades, causada pela preocupação em não ter prejuízo nas notas, já que muitos deles não tinham acesso às TD ou, quando tinham, era um acesso limitado.